segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Um poeta paranaense

O enterro do vírus

Certos dias
precisamos enterrar pessoas
não aquelas que não respiram
mas as outras
aquelas que sabem o que sentimaos e nem por isso deixam de  viver.

certos dias
precisamos empunhar uma pá
cavar feito loucos
abrir sepulturas sem descanso
jogar corpos e socar com os pés
dançando sobre a terra.

Certas noites
precisamos dizer mais que adeus
precisamos ser maus
e enterrar a causa da dor
mesmo sendo a da imagem amada.

Certas noites
devemos reservas o inferno
procurar uma loção purificadora
o unguento para transformar
a atração em desleal
o sonho em tornento
a ilusão em verdade.

Certas noites
devemos desprezar
os princípios do amor
realizar a outópsia do supremo
da maneira mais fria
arrancar os dentes do imaginário
e esmagar os olhos da esperança.

Nessas noites
as sombras não devem ser respeitadas
e a imagem imediata
aquela que se esfrega no rosto da realidade
é a única que merece respeito.

Nesses dias
devemos acalentar os próprios vermes
depois que o vírus doi disseminado
a morte se torna fúria do fogo
aus^encia de algo que n~ao conhecemos
e que nunca nosdeixar'a em paz.

Marcos Losnask
In: Benditos energumenos

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